Imortalidade



Desde que me tornei estudante de Kabbalah tenho conhecido muitos ensinamentos que revolucionam minha maneira de perceber e viver a vida. Um conceito que realmente explodiu minha mente quando entrei em contato foi o conceito de imortalidade ou o conceito de vida e morte da forma como nosso professor Rav Berg ensinava no Kabbalah Centre. 
Quando pensamos em imortalidade logo vem à mente uma pessoa que vive eternamente. É natural que pensemos no Criador do Universo, o único que teria esse poder até onde nós suas criaturas sabemos.
Imortalidade é a habilidade de manter-se perfeito, completo e imutável independente das circunstâncias externas. Desconfio que seja esse o motivo pelo qual os diamantes sejam considerados símbolos da eternidade e do amor pois mesmo sendo pedras permanecem perfeitas através do tempo pela coesão que existe em suas partículas.
Mas e se imortalidade fosse a habilidade de ‘injetar vida constantemente’? De acordo com Rav Berg, especialmente nos seus ensinamentos escritos no livro Nano, a morte nada mais é do que separação à um nível molecular. Quando algo está se desgastando, como uma roupa que usamos com muita frequência, um móvel em nossa casa que perde o brilho da pintura, essa ação que atribuímos ao tempo nada mais é do que a desagregação das moléculas que compõem o material. A separação destas partículas microscópicas de acordo com o Rav é a ‘energia de morte’.
Colocar espaço, gerar separação, desagregar, desunir, separar. Todas essas ações podem se aplicar aos objetos ao nosso redor, mas também em um nível mais sutil a todos os aspectos de nossas vidas. A impressão que temos é que nada foi feito para durar neste mundo.
Viemos para esse plano para viver e conviver. De acordo com os kabalistas para nos corrigir e sair de nossas naturezas egoístas de receber apenas para nós mesmos, recebendo para compartilhar, por isso se pode dizer que daquilo que damos é o que abundará em nossa vida.
Nossas vidas fazem sentido quando estamos próximos uns dos outros. Viemos para compartilhar do tempo que temos aqui com nossos semelhantes, porém viemos todos com um ‘hardware’ e um ‘software’ e o conflito entre ambos é algo constante. Admiro profundamente quem consegue vencer sua própria programação inconsciente e transformar sua natureza reativa pois eu vivo às voltas com a minha e sei o quanto isso é difícil. As nossas naturezas reativas tendem a nos cegar à toda a beleza da vida e nos fazer esquecer o que dá sentido à vida que é compartilhar a vida com as pessoas que nos cercam.
Para eliminar o espaço entre as pessoas é preciso injetar compaixão na forma como vemos as pessoas ao nosso redor. Ser compassivo implica em ver o próximo com os “olhos que a mãe dele o veria”. É tentar compreender a causa daquilo que gera separação e espaço e tentar combate-la com amor.
Ser compassivo é diferente de ser permissivo. É respeitar mesmo quando não aceitamos algo. Tampouco é ser passivo, pois se vejo algo negativo é por que tenho o poder de ajudar a transformar isso e não o fazer também é um ato de egoísmo.
Quando tenho compaixão por uma pessoa eu consigo me colocar no lugar dela tentado sentir a dor que ela carrega em si para agir da forma como age. Quando tento compreender a dor do outro na minha perspectiva, pois infelizmente não poderei sentir a dor do outro sem ter a experiência dele, a atitude do outro que poderia ser classificada como negativa pela minha vivencia naquele momento deixa de ser pessoal e eu passo a compreender que uma agressão muitas vezes é uma defesa, que um silencio é um pedido de socorro, que um resmungo é apenas um modo de expressar algo que não se consegue expressar de outra forma que uma fuga é uma forma de não querer enfrentar uma dor.
Sendo compassivo eu tenho os olhos certos para amar de forma incondicional.
Um dos primeiros conceitos que aprendi quando me tornei estudante de Kabbalah está relacionado com a língua hebraica e com o poder da palavra tanto escrita quando falada.
De acordo com os mestres kabalistas a denominação de algo expressa sua energia, ou seja, a denominação de todo objeto carrega a essência dele ou sua alma. Na interpretação de alguns sábios kabalistas no Gênesis, na escrita original em hebraico, estaria escrito que antes de toda a criação o que foi criado foi o alfabeto hebraico e que com tal alfabeto o Criador fez tudo que existe.
Há um outro ramo da Kabbalah que atribui valores numéricos às letras em hebraico e geram um número para toda palavra escrita. Essa sabedoria se chama Gematria e nela é ensinado que cada palavra que compartilha um número possui a mesma vibração.
Baseada no conceito de as palavras expressam a energia daquilo que elas nomeiam compartilho aqui que curiosamente em hebraico as palavras amor incondicional (ahavá) e ‘um’ que seria a expressão máxima de união (echad) tem a mesma numerologia e vibração, ou seja, amor incondicional é eliminar o espaço entre as pessoas nos tornando 'unos' uns com os outros.
Amar é eliminar as diferenças e os espaços por que amor não é aquilo que se recebe, mas aquilo que se dá.
Após essa jornada que todos estamos fazendo neste mundo paradoxal onde o tempo ainda é o senhor soberano que desagrega as moléculas dos corpos e dos objetos reinando sobre nossas vidas, o que nos resta é o amor que compartilhamos com aqueles que nos cercam que como tudo que é verdadeiro na vida permanece pois ao final talvez a única expressão da imortalidade do Criador seja o amor entre suas criaturas.
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